quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um pouco de nada.

Quando penso em lhe dar um nome, fogem me letras da cabeça como se fogem formigas da água. Precisava de um personagem, uma máscara para chamar de minha. Para ser a outra 'mim'. Por isso, ficará em branco. Branco como a luz que por tanto clarear ofusca a visão. É assim que essa segunda parte me é. A visão total da razão que não se permite mover.

Como todo homem, eu procurava um motivo. Feito o brasileiro cantor do soul, Tim Maia, eu dizia ininterruptamente: "Me dê motivos!". Aprendemos a fazer dos motivos detalhes triviais na construção dos nossos dias, de cada movimento do nosso corpo. Naqueles dias em que me comportava como uma mãe de um filho desaparecido, sem olhar para o horizonte, nada me era vivível sem tais pequenos detalhes.

Procurei nos cantos, talvez em escrituras nas paredes da minha memória, por algum vestígio deste foragido sentimental. Arrancando páginas de recordações, farejava por cada letra, cada vírgula, onde estaria então a razão pela qual meus passos estavam presos.

O ritual se repetiu durante diversas giradas do relógio, até que por fim, atinei. Segurei com as mãos o motivo que na verdade, era ainda inexistente. Tinha em mim uma certa mágica pelo segredo, sendo que o único segredo era não haver segredo algum.

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