domingo, 8 de agosto de 2010

Pequenos.

Além de cor de laranja, a minha infância também foi grande. Tudo era maior, como costuma ser para as crianças. As paredes nos davam um espaço imenso. Talvez um espaço correspondente ao espaço livre que eu tinha dentro de mim. Aquele tipo de liberdade que vem da ingenuidade.

Com o passar do tempo, o espaço foi se comprimindo. Gradativamente. Ao mesmo modo que um balão infla, mas para isso precisa de ar. O mesmo ar que comprime o interior daquela matéria.

A gente deveria se sentir assim, em alguns momentos. Nos faz perceber que éramos grandes enquanto pequenos. Que talvez o que achamos essencial, como o ar para o balão, não seja de fato assim. O balão continuará sendo balão. Com ou sem o ar que o comprime. Isso acontece pela lei natural da vida. Estamos definitivamente trancados. Sem ninguém impor. Sem ninguém pedir. Sem querer. Apenas estamos.

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